O jogador brasileiro Vitor Roque entrou em campo pela seleção brasileira aos dezoito anos e vinte e cinco dias, jogador mais novo a estrear na seleção principal desde Ronaldo, trinta anos atras. Não só estreantes jovens, como ambos iniciaram sua carreira profissional no Maior de Minas.
O jovem jogador, já na sua segunda temporada pelo clube mostrou grande talento e força física e tem um grande futuro pela frente, sendo especulado em diversos clubes da Europa por quantias gigantes. Mesmo ainda muito jovem, o jogador surpreende pelo seu nível físico em campo jogando pelo profissional, um reflexo desse momento do futebol que exige mais do físico durante os noventa minutos. Diferente da epoca em que Ronaldo jogou pelo Cruzeiro, com aproximadamente uma têmpora alcançou números absurdos, fazendo 44 gols em 46 jogos e junto com suas convocações,
resultou em uma ida direto para Holanda.
Mas a principal diferença para o torcedor mineiro é que um foi escalado pela seleção jogando com a camisa Azul Estrelada e o outro anos depois usava a camisa do Furacão quando foi escalado. E essa troca de time após se profissionalizar não seguiu a forma tradicional de negociações, sendo feita de forma rápida e letal, em poucas horas o jogador já vestia a camisa de outro clube. Em um dos vários episódios onde a direção do clube não esclareceu de forma precisa toda a situação, deixando margem para milhares de especulações sobre a troca de clube pelo jovem jogador.
A prática de não se comunicar com o torcedor de forma clara tem se repetido muito pelos novos gestores de futebol, quando assumiram a SAF, aconteceu o caso do grande ídolo Fabio, que saiu do clube em um episódio sem maiores explicações. Muito se falou que seria por motivos financeiros, mas nunca foi esclarecido os reais motivos para negociação do jogador que mais vestiu a camisa do Cruzeiro. Todos sentiram muito na epoca, mas entenderiam (como entenderam) caso fosse explicado de uma forma mais detalhada, como tudo se passou e os motivos da não continuidade de Fabio. Tendo apenas uma nota no site e um comentário em alguma entrevista os pronunciamentos do clube sobre a saída do jogador com mais jogos pelo Cruzeiro.
E nesse ano, com grande surpresa, ocorreu a troca do treinador Pezzolano. Que deixou o clube após eliminação do campeonato mineiro. Surpreendendo todos, os motivos e a forma que como tudo aconteceu não foi esclarecida em entrevista concedida para abordar o tema. Não se sabe o motivo e nem os critérios de decisão para manter Paulo durante a maior pré-temporada dos últimos tempos e campeonato estadual, pois segundo a própria direção do Cruzeiro, o técnico havia informado em DEZEMBRO que não iria continuar. Vindo o treinador português Pepa menos de um mês antes da competição mais importante para o clube, o campeonato Brasileiro. Todo ano, é dito repetidas vezes que o calendário brasileiro é cruel e extenso, aliado a jogos com distancias continentais, resulta em pouco tempo para os jogadores se recuperarem e treinarem durante o ano. E o tempo é um grande aliado para o trabalho de treinadores recém-chegados, é mais essencial ainda quando se trata de um técnico que nunca atuou no futebol brasileiro. Conforme o acontecido, o lado da balança de tentar mudar a ideia do treinador que deixou claro que queria sair pesou mais que o lado de dar tempo para um técnico novo implementar seu trabalho no começo do ano, momento com menor importância da temporada. E logo, com menos peso. Pepa já estava disponível no começo de fevereiro. Culminando na tentativa de troca do visual de nosso mascote, que rapidamente foi descontinuada pela reprovação e repercussão da torcida. Mais um episódio onde a comunicação com a torcida não existiu. Expondo que, para quem toma as decisões essa comunicação é irrelevante, não sendo prioridade em nenhum desses casos. E na maioria dos casos, não se questionou as decisões em si, mas como é feito e comunicado para o torcedor.
Esses e mais alguns episódios dessa gestão criaram uma tensão entre clube e torcida, lembrando que o problema não são as mudanças, mas sim como elas são feitas e seus motivos muitas vezes não esclarecidos. Tensão que nunca deveria ter acontecido, a nova direção deveria enxergar nossa torcida como aliados, como foi em uma grande parte da campanha do ano passado pelo acesso. Quando clube e torcida jogam juntos, coisas incríveis acontecem, é a história. E o que parecia que tinha tomado rumo, hoje retrocedeu algumas etapas. Mas nada irreparável, nenhuma situação que não pode ser contornada, o bom trabalho que foi feito até o momento no caminho para recuperação do Cruzeiro não pode ser ofuscado por alguns erros que ocorreram.
É a hora de aprendermos lições sobre esse período para usar tudo que temos ao nosso dispor para acelerar essa retomada. Trazer a torcida para perto vai fazer muita diferença, não só como números em uma planilha, mas o real potencial, que reflete nos resultados, na moral dos jogadores e como reagem aos momentos de dificuldade. Agora é mudar a postura, trazer o torcedor, REALMENTE ouvir suas demandas, fazer de tudo para resolvê-las e quando não for possivel, expor os motivos. E quando vier um desafio, usar da transparência como forma de trazer o torcedor como parte da solução. Isso não vai acabar com as críticas, elas sempre vão existir, mas o apoio vai acontecer e o torcedor não vai mais se sentir traído ou desvalorizado. E como sempre fez, vai empurrar o Cruzeiro para novas páginas heroicas.
Por: Vitor Pereira
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