Opinião: Qual é a verdadeira função da base?

Cruzeiro
Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Hoje foi confirmada a venda do atacante Vitor Roque por cerca de 40 milhões de euros (R$209,4 milhões) para o Barcelona. O atacante que teve uma passagem marcante pelo Cruzeiro, marcando gols importantes e ganhando destaque na mídia, saiu pelas portas do fundo do Cruzeiro em uma negociação conturbada e que segue sendo debate judicial entre o clube celeste e o Athletico Paranaense. De toda forma, não é possível dizer que a diretoria do clube agiu com esperteza no mercado.
Entretanto, o caso Vitor Roque não é o que deveria nos chamar atenção.
Ao olhar para a Série A do Campeonato Brasileiro, importantes clubes possuem em seu elenco jogadores oriundos da base do Cruzeiro. Jogadores que na Toca nunca tiveram uma sequência de jogos ou sequer foram relacionados. Em uma rápida busca é possível citar Vitinho, Jadsom, Ederson, Maurício, Fabrício Bruno, Rômulo e vários outros. Em partes, isso se deve a uma gestão pouco interessada em revelar jogadores, mas também é possível perceber uma torcida impaciente e ambiciosa.
A torcida, em grande maioria, espera que a base sempre revele novos Neymar ou Ronaldo, e, se não acontece, aquele jogador não serve. Porém, o futebol brasileiro e mundial não é composto apenas por craques. Muito pelo contrário, muito dos elencos campeões e consagrados no futebol, principalmente sul-americano, são compostos por jogadores medianos em esquemas táticos bem definidos e executados.
Junto a isso, tivemos treinadores e gestores que olhavam para a base com descaso ou como moedas de trocas. Não nos falta exemplos de negociações absurdas e lesivas ao Cruzeiro.
Está na hora dessa postura mudar. Torcida e instituição precisam enxergar a base como insumo para elencos cruzeirenses, como potencial vitrine para montagem de equipe campeã. É claro, se algum jogador acima da média for revelado, ainda melhor. Mas não podemos nos iludir, nem descartar jogadores que, apesar de limitados, possuem uma margem de crescimento maior do que aqueles que o departamento de futebol irá trazer para montar o time.
Dito isso, não seria hora de deixar nossos atacantes e meia atacantes da base jogarem? Com Gilberto e Henrique Dourado em uma seca de gols, mas com um time ainda produtivo e bem taticamente, me parece um grande desperdício não testar jogadores como Robert, lhe dando espaço e paciência para desenvolver seu bom futebol.
A base não é apenas nosso futuro, mas também uma urgência do presente. Vamos, Crias da Toca!

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