Opinião: #daTocaparaCopinha e Da copinha pra Toca

Cruzeiro anunciou os inscritos para a Copa São Paulo de Futebol Junior. Há alguns anos atrás, essa competição passaria batido e o início da temporada do Cruzeiro seria o Campeonato Mineiro. Algumas notícias ou outras de algum destaque seriam visualizadas por força do hábito, mas nada de torcer, nada de procurar canais que passassem e muito menos ir para o estádio.
Esse ano é o primeiro de uma nova época. Após o Ronaldo assumir o Cruzeiro, uma coisa ficou clara na nossa SAF: não gastaremos dinheiro à toa. Para desespero de alguns torcedores, a nova gestão não esconde que o principal foco é organizar as contas da casa.
Com o mercado futebolístico movimentando cada vez mais dinheiro, valorizar pratas da casa parece ser a melhor opção para sobrevivência dos clubes com dificuldades econômicas. E a presença do Kaiki, Breno e M. Xavier nos jogos mostram que a comissão técnica e os dirigentes do Cruzeiro já entenderam isso.
As perdas do Vitor Roque e “Messinho”, vindos da base celeste, e as vendas milionárias dos jovens jogadores, como Endrick e Andrey, ressuscitaram a necessidade do olhar cuidadoso e garimpeiro da base, que são patrimônios valiosos, e que são capazes de mudar patamares financeiros e desportivos dos clubes.
O Cruzeiro, historicamente, sempre revelou bons jogadores, mas já a alguns anos não deslancha um grande nome no futebol nacional. Eu acredito em uma junção de fatores, dentre eles dois principais: o sucateamento da base com as gestões anteriores – horríveis (e criminosas) -, tendo corrupção, atraso de salários, falta de materiais e infraestrutura inadequada; aliado a isso, a falta de paciência da própria torcida, que parece esperar que o raio do “menino da vila” caia sob a Toca em todo jogador estreante.
A maior parte do futebol brasileiro e mundial é composto por jogadores limitados. Alguns melhores que outros, é claro, o que não significa que podemos dispensar qualquer outro que não seja o Neymar. Isso ainda não parece estar maduro na mentalidade da maior parte da Nação Azul.
É óbvio que nem todo jogador que vem da base será bom no profissional, mas em solos mineiros, basta um jogo ruim para valer menos que o Pottker. Exemplo disso é o Weverton. Zagueiro convocado pela Seleção Brasileira Sub-20 e que está inscrito na Copinha 2023, apesar da convocação. Foi titular em alguns jogos no profissional do Cruzeiro e estava indo bem. Porém, bastou um jogo ruim para ser hostilizado pela torcida e voltar a jogar pelo sub-20. Para mim, é melhor que todos os últimos zagueiros que passaram por aqui desde 2019 (com exceção do Lucas Oliveira) e, infelizmente, não recebeu tantas oportunidades, mesmo sendo sempre convocado e campeão pela Seleção Brasileira.


Como no futebol não existe troféu (ou será que sim?) para melhor manejo de dívida, um time competitivo deve ser montado para disputar as principais competições e acalmar o ânimo da torcida, mas é melhor os torcedores se acostumarem a acompanhar a base do clube e exercitar bastante a paciência com os jovens, porque nosso futuro parece estar cada vez mais próximo dos “crias” da Toca.
Dito isso, vamos, Cruzeiro!

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