Coluna Celeste: Não é o rumo, são os condutores

Cruzeiro
Foto: Staff Images

Em dezembro de 2021 foi anunciado a venda da recém-formada SAF do Cruzeiro,
estávamos entrando no terceiro ano fora da elite do futebol Brasileiro, depois de
alguns dias começamos a ver o trabalho sendo feito e diversas mudanças em todos os
setores do clube. A temporada 2022 foi de grande sucesso, conseguimos de forma bem
antecipada retornar para primeira divisão, mesmo sem ter a maior folha de pagamento
dos times daquela competição, mostrando de forma precoce a prática do discurso dos
novos administrados do maior de Minas. Sempre visando a responsabilidade financeira
e a evolução passo a passo para o Cruzeiro voltar a sua normalidade histórica, discurso
e visão que agradaram a torcida, que em um passado recente sentiu na pele a
consequência de práticas opostas as ideias apresentadas. Presenciamos uma mudança
rápida e precisa nos rumos do clube, criando uma confiança do torcedor nos
responsáveis pelo futebol, para um dos anos mais importantes na caminhada de
reconstrução do time.
Começa 2023 e vimos outro roteiro, diferente de 2022, apostas frustradas, deficiências
não sanadas e alguns problemas do início da gestão se tornarem crônicos. Já no
primeiro mês o anúncio que não iriamos jogar na toca 3 na atual temporada, situação
que somos reféns e que se transformou em um grande problema devido ao maior
deslocamento da equipe quando jogar em BH não era possível, refletindo em umas das
piores campanhas de mandante do clube. Até o momento nenhuma vitória na toca 3.
Porém o que mais chamava atenção era o desempenho incrivelmente abaixo da
temporada de acesso, muitos na epoca levantaram a ideia de que o motivo poderia ser
a reformulação que o elenco sofreu para disputar o brasileirão, mas o real motivo
descobrimos ao fim do estadual. Com a demissão de Pezzolano foi revelado que o
treinador havia comunicado para o clube que não desejava mais treinar o Cruzeiro em
dezembro de 2022 e por decisão interna ele permaneceria no cargo para escolha de
um novo treinador, ato que foi justificado pelos responsáveis como uma tentativa de
convencer o então treinador a mudar de ideia, tentativa frustrada. Com essa escolha
perdemos a maior pré-temporada dos últimos anos e os primeiros meses do ano,
tempo que poderia ser utilizado para um novo técnico ajudar a montar o elenco e
implementar um novo trabalho com os jogadores. Vem a chegada de Pepa e vimos o
clube ganhar pontos no início, jogar bem e mostrar uma melhora considerável no nível
apresentado em comparação com a primeira parte do ano. O início promissor do
português deu lugar a uma grande sequência de jogos sem vitória, tendo o setor
ofensivo como um dos mais questionados no trabalho de Pepa e com o baixo
rendimento do time no Brasileiro veio sua demissão.
Culminando com contratação de Zé Ricardo para o comando do time, os
questionamentos da torcida em relação a gestão do futebol se tornaram inevitáveis.
Gerando um raro pronunciamento do clube, que a cada desafio prefere afastar o seu
torcedor da resolução, sem apontar os motivos do desligamento do português o tema
foi sobre os rumos traçados para o futuro do Cruzeiro e o total comprometimento dos
profissionais de gestão com esse caminho. Entrevista que não acrescentou e não
elucidou os problemas para a torcida, não ficou claro os critérios para saída do antigo
treinador e para escolha do novo. Apenas era repetido o comprometimento que todos
tinham com o objetivo maior. Objetivo esse que nunca fui questionado, pelo contrário,
com venda da SAF e nova direção a torcida abraçou esse discurso e ainda o abraça.
Com esses últimos dias do Cruzeiro, é questionado se quem está ali realmente tem a
capacidade de levar o clube para esse caminho, a intenção dos profissionais não é
questionada em nenhum momento, mas sim capacidade de realizar os planos que
foram traçados.
Com a chegada de um novo treinador vem a esperança de mudança nos resultados da
equipe, a próxima partida contra o peixe em um jogo determinante, teremos a estreia
do terceiro treinador do Cruzeiro em 2023. E essa vitória é mais que necessária, contra
um adversário abaixo na tabela e concorrente direto na briga em que nos encontramos
para permanecer na Série A, todos os confrontos contra esse tipo de adversários serão
essenciais nessa reta final de campeonato. Se em algum momento desse campeonato
sonhamos com mais, agora é ficar alerta, temos que pontuar logo para cumprir o
primeiro e principal objetivo deste ano.

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