2023 começou com ares novos, atmosfera nova pela Toca. A saída de praticamente todo o elenco campeão da série B 2022 trouxe um misto de sensações. Vários dos que saíram tinham uma identificação com o clube que fazia a torcida sentir que eram 11 torcedores dentro de campo. E eles cantando as músicas tradicionais das arquibancadas, se emocionando a cada partida e abraçando todos os apelos da nação azul tornou ainda mais difícil contestar que eram jogadores identificados com o clube.
Particularmente, sinto muita falta nesse elenco de jogadores como Edu, que sintam que jogar no Cruzeiro é um privilégio tão grande que não consigam esconder a felicidade de estar vestindo a nossa camisa. Mas também reconheço que amor não é o fator que determina um bom ano de futebol.
A saída, além da tristeza, despertou dois sentimentos nos torcedores: alívio e expectativa. Alívio pois a torcida centenária sabe o nível de exigência de uma série A do Campeonato Brasileiro. E expectativa porque uma gestão boa, com profissionais capacitados, certamente traria o Cruzeiro competitivo de volta.
E então, começaram os anúncios. Nomes como Almendra, Romero movimentaram a torcida. Mas as contratações foram deploráveis. Refugos. Jogadores descartados de times medianos.
Ronaldo fez uma ótima gestão de crise. 2022 foi um ano mágico. Tudo deu certo. Do porteiro ao treinador. Do marketing ao patrocínio. Tudo. Tudo deu certo. E o torcedor não poderia estar mais grato e feliz por isso. Ao mesmo tempo em que, parece que graças a essa campanha, não se pode mais questionar a gestão. É como se o Ronaldo estivesse acima não só da Instituição Cruzeiro Esporte Clube, mas acima de 9 milhões de torcedores apaixonados. Dizem muito por aí que se não fosse o Ronaldo, não existiria mais Cruzeiro. Mas a verdade é que se não fossemos nós, cruzeirenses, não existiria SAF, nem associação, nem resquícios do que foi um gigantesco clube desportivo e, definitivamente, não existiria nenhum resto de instituição a ser salva pelo Ronaldo.
É claro que com contratações pífias, o resultado não poderia ser diferente: um futebol de doer as vistas. Partidas que seriam melhor jogadas por 11 torcedores retirados de última hora da arquibancada.
O Campeonato Mineiro dizem por aí que não significa muita coisa. Eu discordo veementemente. Para o atual momento do Cruzeiro, o campeonato mineiro é o termômetro da temporada, é crucial, vital para entender o que vai ou não funcionar lá na frente. E, classificar graças à vitória do América Mineiro é uma resposta muito grande. Ao menos para a torcida foi.
Os discursos que eram de “vamos confiar”, “vamos esperar”, “no Brasileiro vai ser diferente”, já não se sustentam mais. Ronaldo e representantes de sua gestão deixaram claro, mais de uma vez, que não pretendem gastar com contratações. Acho interessante que sempre nesses momentos ele escolha utilizar da memória afetiva do torcedor, colocando em evidência como o Cruzeiro estava antes e como está agora. E acho ainda mais interessante como ele coloca as contratações como ultimo grau de importância dentro de um clube de futebol.
Bom, após Ronaldo vir a público falar mais uma vez que está satisfeito com o elenco e que não irá trazer grandes nomes na live de ontem (06/03/23), a sensação que fica é que o Cruzeiro não é mais nosso. Não importa que a gente proteste, que a gente grite vaias fervorosas no pós jogo, a palavra final, o ponto de vista que vai prevalecer é do Ronaldo. E parece que ele não está nem um pouquinho preocupado com desempenho futebolístico. É quase possível ler o enorme letreiro: dentro de campo até seria bom que o Cruzeiro ganhasse, mas na série A ou B ou C, a capacidade de obter recursos ativos da marca do Cruzeiro é enorme, e é isso que me importa no final.
Ao menos, a torcida começou uma grande onda de descontentamento. Muito motivada pelo trauma do rebaixamento e pela consciência de que não é possível sobreviver à série A sem jogadores melhores. Após 1 ano, Ronaldo finalmente pode ser criticado sem essa cortina de figura de herói ou santificação.
E antes que os defensores mais ferrenhos possam reforçar, pela centésima vez, que o Cruzeiro não vai disputar títulos, nem brigar na parte alta da tabela, reforço também pela centésima vez, que até mesmo o mais otimista cruzeirense não está exigindo isso. Ninguém diz que é obrigação ser campeão mineiro, nem da copa do Brasil e muito menos Brasileiro. O que todo mundo quer é uma série A sem sustos, e, no momento, é pedir muito para que a gente confie que Davó e Bilu vão colocar a gente em 11° lugar da tabela.
No mais, como sempre, fica a torcida para que a imagem do Cruzeiro prevaleça! Seguiremos apoiando, seguiremos fazendo nosso papel de torcedores e esperando que isso seja, mais uma vez, o necessário para manter vivo nosso maior amor: Cruzeiro Esporte Clube SAF/Associação.
Vamos, Cruzeiro!
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